Poemas metrificados ( na sua maioria ) para Fado.

Contas da alma

Conto p’los dedos da mão
As horas em que a paixão
Tomou conta do que sou
Feitas as contas, constato
Que sou o vivo retrato
Que minh'alma registou

Atravessei o deserto
Vezes sem fim me vi perto
Do oásis do amor
Mas tudo foi tão fugaz
Que nem sei se fui capaz
De roubar ao sonho a cor

E assim vivi sempre por ti
P’ra te alcançar rompi amarras
Não consegui, mas aprendi
A soluçar como as guitarras


Soluçando vou perdendo
Medos que por ti vou tendo
E me fazem ser assim
Cantando vou adornando
A dor que de quando em quando
Vem tomar conta de mim

Contas da alma são ais
Que solto quando no cais
Vejo o teu barco parado
Contas são puro lamento
Vestindo de sentimento
A alma de qualquer fado