Com que a paixão fugaz a castigara
Essa pobre mulher, doce Maria
Usava lenço p'ra não mostrar a cara
Sentia que os olhares que a fitavam
Com a frieza da neve mais cruel
Escarnecendo e rindo, desdenhavam
Do seu amor distante, mas fiel
Fiel sim, porque sem quebrar a jura
Que havia sido feita em desespero
Essa mulher vestida de amargura
Honrava aquele amor, por ser sincero
Um dia, quando soube que o amor
Que ela pensava seu, fôra tomado
Deixou que o coração em dor maior
Se desse todo inteiro à dor do fado
Deixou de ser a raiva preferida
De quem não entendeu a sua história
E só não terminou co'a própria vida
P'ra não partir sem honra nem glória
Aceitou o degredo e de seguida
Aceitou a saudade como lei
Assim nasceu a lenda conhecida
Da mulher cujo nome, nem eu sei