Logo que a manhã me beija / ternamente
Como faz todos os dias / com rigor
Sinto que a alma fraqueja / lentamente
Por ter as horas vazias / meu amor
Vazias sim, porque tu / paixão constante
Vives longe, muito longe / do meu leito
Enquanto eu, feito monge / caminhante
Trago fraquezas a nu / dentro do peito
Sou solidão casta e gasta / pela vida
Dormindo em leito vazio / abandonado
Onde a vontade mais casta / mais sentida
Se gasta dentro do frio / deste fado
Enquanto se vão gastando / em solidão
As vontades naturais / que vou sofrendo
As noites vão preparando / a redenção
Dessas manhãs tão iguais / a que me prendo