Todos os dias o mesmo caminho
Todos os dias a mesma rotina
Todos os dias coroa e espinho
Todos os dias a dor que domina
Todos os dias a mesma certeza
Na certeza triste da vida que sou
Todos os dias a mesma tristeza
Que tanto persiste em ir onde vou
Todos os dias a fuga prá frente
Com a tal coragem que me tem valido
Todos os dias a luz reluzente
Dum fado em viagem, qual rumo perdido
Todos os dias a entrega fatal
Às normas dum tempo que não desejei
Todos os dias a regra normal
Do afastamento que eu próprio criei
Todos os dias o brilho cinzento
Do sol que não tem o brilho que quero
Todos os dias morrendo por dentro
Quando a noite vem, p'ra meu desespero
E todos os dias
P'ra mim e por mim
São dias iguais
São dias assim!