Poemas metrificados ( na sua maioria ) para Fado.

Faltas e mais faltas

Falta sempre qualquer coisa
E mesmo que nada falte
Falta uma voz que s’exalte
Quando a mosca em nós se poisa

Falta sempre um burburinho 
No reino da confusão
Mesmo que a voz da razão 
Se perca pelo caminho

Falta sempre uma cerveja 
Na barriga dum piela
Que não sabe se a janela 
Pertence à casa que almeja

Falta sempre uma voz firme
No tribunal do amor
Uma voz que diga a cor 
De quem cometeu o crime

Falta sempre uma panela 
Na cozinha lá de casa
O tacho perdeu a asa 
E foi à procura dela

Falta sempre o adesivo 
Na hora do ferimento
E falta sempre o sustento 
A quem come sem motivo

Falta sempre o pé direito 
A quem não sabe jogar
E que para rematar 
Também não tem muito jeito

Falta sempre um nome feio
Para chamar ao patrão
Porque do nome *ladrão* 
Já o patrão anda cheio

Falta sempre a paciência 
A quem tem a tensão alta
E a mim... também me falta 
Um pouco de inteligência