Aquele brilho dourado
Que veio em tarde fechada;
Lembrou-me a alma dum fado
Discreto e bem disfarçado
De paixão camuflada
Porque a luz acentuada
Que veio assim de repente
Era lei codificada
Mordaz, feroz, concentrada
Dada num tom reprimente
E assim, aquela surpresa
Surgiu num beve segundo
E com má subtileza
Mostrou que a vida está presa
Ao mal que anda no mundo
Pois no fundo, bem no fundo
Da consciência indefesa;
O amor, qual moribundo
É sempre menos facundo
Que o ventre da natureza