Sabendo a dimensão da voz que tenho
Limito a minha voz ao meu espaço
Sem temer as montanhas do fracasso
Sem suster tempestades que desenho
De quando em vez, perdido na cidade
Onde os poetas são gente vulgar
Liberto a minha sã leviandade
E vou de peito aberto, então, pecar
Peco sempre, quando olho sem limite
A figura da mulher que por mim passa
Também peco, quando em vez duma chalaça
Mosto o sorriso atrevido do convite
Peco até, quando mantenho a pretensão
De querer uma rua só p’ra mim
Sou igual ao sol ardente dum Verão
Que gostando de flores, queima o jardim