Os desejos que nos chegam
D'alguém a quem bem queremos
São prendas que nos alegram
Sempre que as recebemos;
Mas porém, nem sempre temos
A noção firme e segura
Do quanto vale a ternura
Embrulhada docemente;
Em prata azul reluzente
Ou em seda da mais pura
Os desejos são alento
Que a nossa alma agradece
A quem percebe o tormento
Do coração que padece;
Pois quando a vida escurece
Porque o sol se foi embora
O coração implora
Ao céu, uma nova cor;
Que venha em forma de aurora
Trazer mais luz, mais amor
Nesta ternura envolvida
Em papel, fitas e laços
Existe peso e medida
Com a dimensão dos braços;
Pois mesmo com os fracassos
Que há, nas coisas normais
Vamos tendo rituais
De saudade acorrentada;
Com a ternura algemada
Aos sufocos naturais