Poemas metrificados ( na sua maioria ) para Fado.

A minha rotina

Por vezes, dou comigo, calmamente
A ler um livro bom e que me encanta
A madrugada, lá surge lentamente
E o sono, é uma voz que se levanta

Mais um pequeno esforço e de seguida
Pouso o meu livro, marcando o recomeço
Desligo a luz e adormeço a vida 
Para gozar o descanso que mereço

Dormindo, vou sonhando livremente
Com coisas que me dão para cantar
Se de manhã acordo sorridente
Abro a janela, para ver o sol brilhar

Oiço um pardal, na beira do postigo
Mas não percebo bem, o que ele diz
Não sei se tenta conversar comigo
Mas sei que canta, porque está feliz

Dou de beber aos cravos sonhadores 
Que estão no meu jardim, desde botões
São cravos simples, mas são bonitas flores
Que por vezes alegram corações

Depois desta rotina matinal
Que me faz despertar, mesmo com sono
Vem a fadiga dum dia maquinal
Em que deixo de ser de mim, o dono

Trabalhos, compromissos e canseiras
Dedicação a quem não me conhece
Refeições barulhentas e ligeiras
Enchendo a minha alma de stress

Ao fim da tarde, regresso então ao lar
Onde não tenho sintomas de riqueza
Mas tenho uma família para amar
E tenho o pão honrado sobre a mesa

E quando a noite cai suavemente
Anunciando a hora de dormir
Eu sinto-me feliz e mui contente
Por amar, por sonhar, por existir

Então, para beber sabedoria
Abro o livro, que tinha começado
E assim vou vivendo o dia a dia 
Que faz de mim, um ser domesticado

A vida é que nos destina
Este viver de rotina!