Cada um canta o que sente
E a mais não é obrigado
A vida é bem diferente
Se tiver sabor a fado
Ser poeta ou ser fadista / É ter o tempo marcado
Por isso qualquer artista / Tem o destino traçado
Pelas ruas do passado / Vaguearam trovadores
Que rimaram suas dores / Com amargura plangente
E por isso, meus senhores
Cada um canta o que sente
Num poema português / Há dor e encantamento
E vê-se no desalento / O bem que a saudade fez
E então, de quando em vez / Há vozes á rédea solta
Que vão cantando a revolta / Deste povo apaixonado
Quem luta sem ter escolta
A mais não é obrigado
Canta quem sabe o que quer / Canta quem quer e não sabe
Qualquer sentimento cabe / Nesta forma de viver
Não é difícil saber// O que vai no coração
De quem faz desta canção / Um hino sempre presente
Cantando a voz da razão
A vida é bem diferente
P’ra fazer desta mensagem / Uma mensagem de amor
Um verso tem o calor / Duma fogueira extinguida
E a alma, quando ferida / É um sopro magoado
Brilha mais a luz da vida