Poemas metrificados ( na sua maioria ) para Fado.

Parto tudo (humor)

Das horas perco a noção
Sempre que saio de casa
E vou beber uns canecos
A ela faz-lhe impressão
Eu chegar com grão na asa
E dar cabo dos tarecos

Chego a casa p’la noitinha
Dou cambalhotas na escada  
Co’a tola no portão
Ela com ar de santinha
Diz-me p’ra não partir nada
E p’ra nem cuspir para o chão

Então, para chatear
Faço-me de surdo-mudo 
P’ra não ouvir os sermões
E como vejo a dobrar
Lá começo a partir tudo 
P’ra evitar repetições

A soco, parto a mobília
Os pratos e as tigelas 
Que a mamã dela lhe deu
Parto as fotos da família
E só não parto as panelas 
Que são mais duras que eu

Parto mesas e cadeiras
Parto copos e canecas 
Garrafas e garrafões
Vão tachos, vão frigideiras
Quando perco as estribeiras 
Viro tudo aos trambolhões

Parto os serviços de mesa
Parto os jarros da cozinha 
Parto os vidros da janela
Parto-lhe a loiça chinesa
Parto os vasos da vizinha 
E parto-lhe a tromba a ela

Depois de tudo escacado
Ponho-me a rir e a chorar 
Sem tarecos, nem vintém
Porém, fico consolado
Porque ela p’ra se vingar 
Parte... p’ra casa da mãe