Um velhinho senhor, distinto e aprumado
Aparentando ter maior sabedoria
Contou-me com amor o mistério do fado
E deu-me a conhecer o som da poesia
Mostrou-me com ternura a alma da saudade
Mostrou-me o quanto dura o luar duma vida
Mostrou-me a desventura, a raiva e a maldade
Mostrou-me em suavidade a hora prometida
Tocando levemente as cordas já cansadas
Duma guitarra antiga, ali abandonada
Trauteou docemente um fado feito em quadras
Lembrando uma cantiga outrora mui cantada
Embalado na dor duma enorme saudade
Sentiu correr no rosto um pingo de tristeza
Esse velho senhor, fadista de verdade
Fez-me reconhecer a alma portuguesa