Poemas metrificados ( na sua maioria ) para Fado.

O olhar do mar

Não vi o olhar do mar
E então interroguei-me
Será que o mar tem olhar?
Não tem?... então enganei-me!

Porém no meu pensamento... Outra dúvida apareceu:
Quando há sopros de vento... Será que vêm do céu?

Depois fitei calmamente... As nuvens do céu azul
Mas não sei concretamente... Se eram do Norte ou do Sul

Ouvi no preciso instante... O chilrear dum pardal
Foi um som tão penetrante... Que parecia um temporal

Fugi para lá dos montes... Sentei-me numa flor
E bebi nalgumas fontes... Água de raro sabor

Perdi a noção real... Do meu lugar destinado
E sem saber como tal... Fui parar a outro lado

Tudo era muito estranho... Tudo tinha nova côr
O mundo era do tamanho... Do Gigante Adamastor

Parei, meditei e vi... Gente despida de medo
E de repente senti... A solidão do degredo

Qual não foi o meu espanto... Quando, quase por magia
Acordei ao som do canto... Duma bela Cotovia

E de forma natural... Lá voltei ao meu lugar
Fui ao mundo e afinal... Não vi o olhar do mar