Tinha uma casa singela no cimo da serra
Onde os pardais fazem ninho se a chuva não cai
Tinha um luar de aguarela no olhar da terra
Tinha também o carinho de mãe e de pai
Tinha o sorriso rasgado de quem é feliz
Sorriso de quem tudo tem ali mesmo ao pé
Tinha na mente guardado o sol dum país
Aonde quem nada tem, pouco ou nada é
Saíu lá da serra onde estava, para ver o mar
Chegou à cidade onde tudo parece maior
Deixou para trás o que amava e ajudou a criar
Os campos, as flores, a herdade, e o seu cão-pastor
Cruel a desilusão que logo sentiu
Cruel a tristeza real do seu coração
O mundo da sua ilusão de nada serviu
Voltou ao luar maternal da sua paixão