Poemas metrificados ( na sua maioria ) para Fado.

À bruta e à borla (humor)

Fui almoçar com alguém
com excesso de apetite
Que malfadado convite
Eu aceitei, vejam bem

Comeu Posta à Mirandeza 
Com arrozinho xau xau
E depois, por estranheza 
Quis caras de bacalhau

Caras, batatas, cenoura 
Ovos, couve e agriões
Por pouco que não estoura: 
Vá lá comer ao Camões

Meio quilo de carcaça 
Untada com vinagrete
E como a fome não passa 
Filetes de salmonete

Mas continuou a festa 
Porque, p'ra minha surpresa
Diz ele assim: já só resta 
Barriga prá sobremesa

Queijinho com marmelada 
Natas do céu com canela
Torta de massa folhada 
E leite creme em tigela

Ficou vermelho e depois 
De se ajeitar na cadeira
Pediu em nome dos dois 
Um litro de bagaceira

Depois, como normalmente 
A conta caiu na mesa
Ele diz tranquilamente 
Paga tu... por gentileza

Contrariado paguei 
Porém decidi então
Que jamais aceitarei 
Convites de comilão

Este filho da labuta 
Raramente verga a mola
P’ra beber é sempre à bruta 
P’ra comer é sempre à borla