Poemas metrificados ( na sua maioria ) para Fado.

A gaveta da memória

Na gaveta da memória
Encontrei adormecida
A alma daquela história
Que dá cor ao sol da vida


Caminhei só, sem destino 
Pela estrada do mundo
Na pequenez do segundo 
Tornei-me mais pequenino
O meu sonho de menino 
Ensombrado de magia
Decifrou a melodia 
Que tem o som da vitória
E guardou a nostalgia
Na gaveta da memória

Fui corpo sem ambição 
Fui sonho nunca sonhado
No espaço do pecado 
Desenhei um coração;
Descobri outra razão 
P’ra movimentar a vida
Depois, susti a partida 
Do luar do meu encanto
E a força do meu pranto
Encontrei adormecida

Afoguei marés passadas 
No mar do meu pensamento
E descobri madrugadas 
Na alma do sofrimento;
O meu descontentamento 
Por não conter a saudade
Negou-me a suavidade 
E o sabor da glória
Selando com realidade
A alma da minha história

Rebusquei o meu passado 
P’ra melhor me conhecer
Com medo de me perder 
Neste mundo mal gerado;
Na essência do meu fado 
Depositei esperança
E lembrei-me da infância 
Amada e muito querida
Crescendo na esperança 
Que dá cor ao sol da vida