Poemas metrificados ( na sua maioria ) para Fado.

Agarro a vida

Para morrer sou cobarde / E por ser tão autruísta
Peço à vida que resista / Para que a morte me tarde;
Sabendo que ainda arde / Em mim, uma chama acesa
Desejo ter a certeza / De que a morte, sem alarde
Virá... porém, com franqueza
Para morrer sou cobarde

Morrerei sim, porque sou / Mortal como um ser qualquer
Que sem ver como chegou / Tudo faz para viver;
A vida tem o poder / De destinar o destino
Que o sonho mais genuíno / Me vai apontando à vista
Por ser fraco e pequenino
E por ser tão autruísta

Um dia não vale nada / Se não tiver a magia
Da noite em que a fantasia / Nos parece enfeitiçada;
É então, que a madrugada / Nos ganha pela conquista
E quando ao longe se avista / Uma luz amordaçada
P'ra mudar a sorte errada
Peço à vida que resista

A vida, por gentileza / Mantém sua mão segura
Rejeitando a noite escura / Que é dada pla natureza;
Sentindo que a alma reza / Aos deuses em que acredita
Há uma força bendita / Que me queima mas não arde
E pede, implora e grita
Para que a morte me tarde