Poemas metrificados ( na sua maioria ) para Fado.

Deambulações à toa

Antes de Outubro é Setembro
Antes de Maio é Abril
O Natal é em Dezembro
Hotel de cão é canil;
A chuva torrencial
Não é chuva, é vendaval

Açucar é coisa doce
Porta da rua é entrada
Morte é lei... melhor não fosse
E tem a hora marcada;
Depois do morto morrido
Tudo passa a ter sentido

Pão com manteiga é almoço
Gentileza não faz mossa
Azeitona tem caroço
Peixe não puxa carroça;
Tia velha solteirona
Passa o tempo na poltrona

Com maior ou menor charme
Beijo é sinal de magia
Casa rica com alarme
É sinal de mordomia;
Leitão é porco pequeno
Veneno é sempre veneno

Casa de campo é um luxo
Casa de praia também
Um repuxo e um capucho
São coisas que ninguém tem;
O dinheiro não é tudo
Nasce mudo, morre mudo

Mesmo sem saber dançar
Dança tango, dança valsa
Faz tudo p'ra disfarçar
Mas não sabe dançar salsa;
E p'ra maior desespero
Não sabe dançar bolero

Canta fado sem saber
Que tem muito que aprender
Fala mal nas tuas costas
Por não gostar do que gostas;
Enfim... a vida que temos
Vale só p'lo que valemos