Um sonho que já não tenho
Um sítio aonde não estou
Um tempo donde não venho
Um grito lá no asfalto
Um pedacinho de chão
Um sonho, já sobressalto
Num peito que só diz não
Um sorriso bem escondido
Pelo soluço voraz
Um poema prometido
Falando de amor e paz
Um cravo já moribundo
Um jasmim, já sonhador
Uma porta para o mundo
Um sol muito abrasador
Uma lua divinal
Um luar apetecível
Um anjo de bem e mal
Uma redenção credível
Um suplício de dor
Num lamento magoado
Um gesto sem ter valor
Um poema sem ser fado
Um suspiro sofredor
Neste martírio de amor