Poemas metrificados ( na sua maioria ) para Fado.

Esgotamento

Faz tempo que não há tempo 
P’ra gastar a nosso modo
Agora, a qualquer momento 
Esgota-se o tempo todo

Esgota-se a paciência 
Do homem mais paciente
Sem que haja consistência 
Naquilo que é consistente

Esgota-se a solidez 
Do mais sólido castelo
Seja ele azul maltês 
Seja branco ou amarelo

Esgota-se a presunção 
Da vaidade presunçosa
Que tendo a cor do carvão 
Mantém-se altiva e vaidosa

Esgota-se a esperança 
Que de verde pouco tem
Porque falta a confiança 
Que diz que vem, mas não vem

Esgota-se a persistência 
Dos que querem persistir
Na terrível imprudência
Que fará tudo ruir
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Esgota-se a fé de quem 
Quer salvar-se pela fé
Mas que não salva ninguém 
Quando é feroz a maré

Esgota-se o pé-de-meia 
Amealhado por bem
E não há sequer ideia 
Do pé que a meia lá tem

Esgota-se aquela base
Que nos garante o sustento
Confesso amigos, ‘stou quase 
A ter um esgotamento