Poemas metrificados ( na sua maioria ) para Fado.

Vida nefasta e gasta

Quando estou no ar só quero ver terra
Quando estou no mar só quero montanha
Quando estou na paz só penso na guerra
Tão forte, tão ftriste, tão dura e estranha

Se a sopa está quente, quero sopa fria
Se o peixe está frito, quero peixe assado
Se me dói um dente estraga-me o dia
E já nem sequer quero ir ao fado

Se vem o calor, não me sinto bem
Se vem o inverno, nem à rua vou
Não suporto a dor que a vida contém
Nem gosto do vento que tudo levou

O leite de vaca não tem lactose
A carne de porco não tem proteína
O fio da faca não corta a cirrose
E o sonho morto mata qualquer sina

Sapato apertado parece castigo
Chinelo de quarto não vai ao quintal
Cantor destoado não canta comigo
Só porque estou farto de quem canta mal

O choro do pobre magoa bastante
Não me causa espanto o riso do rico
O berço do nobre é mais irritante
Que a cor amarela que tem um penico