E então interroguei-me
Será que o mar tem olhar?
Não tem?... então enganei-me!
Porém no meu pensamento
Outra dúvida apareceu:
Quando há sopros de vento
Quando há sopros de vento
Será que vêm do céu?
Depois fitei calmamente
Depois fitei calmamente
As nuvens do céu azul
Mas não sei concretamente
Mas não sei concretamente
Se eram do Norte ou do Sul
Ouvi no preciso instante
Ouvi no preciso instante
O chilrear dum pardal
Foi um som tão penetrante
Foi um som tão penetrante
Que parecia um temporal
Fugi para lá dos montes
Fugi para lá dos montes
Sentei-me numa flor
E bebi nalgumas fontes
E bebi nalgumas fontes
Água de raro sabor
Perdi a noção real
Perdi a noção real
Do meu lugar destinado
E sem saber como tal
E sem saber como tal
Fui parar a outro lado
Tudo era muito estranho
Tudo era muito estranho
Tudo tinha nova côr
O mundo era do tamanho
O mundo era do tamanho
Do Gigante Adamastor
Parei, meditei e vi
Parei, meditei e vi
Gente despida de medo
E de repente senti
E de repente senti
A solidão do degredo
Qual não foi o meu espanto
Qual não foi o meu espanto
Quando, quase por magia
Acordei ao som do canto
Acordei ao som do canto
Duma bela Cotovia
E de forma natural
E de forma natural
Lá voltei ao meu luga
Fui ao mundo e afinal
Fui ao mundo e afinal
Não vi o olhar do mar