Esta noite que sou eu... de corpo inteiro
Vestido de manto rubro... encantador
Tem a côr negra do céu... aventureiro
No luar com que me cubro... sem calor
Esta noite que me dá... em solidão
Sentimentos de revolta... sem sentido
É o maior talismã... e a redenção
Dêste meu pecado á solta... meio perdido
Esta noite que me obriga... ternamente
A cantar um sol poente... sem queimar
É raiva que me castiga... docemente
E me destrói lentamente... sem magoar
No entanto, a minha voz... num fado a sós
Marcando a minha saudade... acontecida
Canta apenas para nós... e só por nós
Este fado sem idade... e até sem vida