A chave do amor


Não quero amar-te demais
Nem quero morrer por ti
Só quero ir onde vais
P’ra ver que não te perdi

Não quero que tua voz
Seja o meu único fado
Quero apenas para nós
Um amor recompensado

Não quero... que me dês o que não tens
Mas quero... que me digas quando vens

Quero sentir o perfume
Do teu corpo encantador
Quero aquecer-me no lume
Do fogo do teu amor

Quero que tenhas contigo
A chave do sentimento
P’ra não correr o perigo
De ficar no esquecimento

Depois... ao compasso da paixão
Nós dois... seremos mais perfeição

Teremos p’ra nos guiar
A estrela do futuro
E vamos saborear
Um amor eterno e puro

Oh meu amor adorado
É para ti este fado  

Meu amigo destino

Destino, por favor, muda de rumo
E cruza o meu caminho com o dela
Dependo só de ti e então presumo
Que tu me ajudarás a convencê-la

Preciso que lhe digas que eu existo
Preciso que lhe lembres que a quero
Tu tens de lhe dizer, que não resisto
Ao fogo deste amor puro e sincero

Destino, vai à rua onde ela mora
E põe lá o meu sol de fantasia
À tarde, quando o sol se for embora
Eu quero que ela sinta nostalgia

Eu quero que ela tenha em seu redor
A marca do melhor que a vida tem
Eu quero conquistar o seu amor
E torná-la feliz como ninguém

Caminhos dum triste fado

Numa viela, uma mulher semi-perdida
E a crueldade a espreitar pelo postigo
Numa janela aberta ao sonho duma vida
Uma verdade que não passa dum castigo

Um fado triste repetido tanta vez
Com melodias que são lágrimas fatais
Quadro que existe neste canto português
Almas sombrias com histórias bem reais

Sonhos perdidos na penumbra da cidade
Aonde há cantos que ninguém quer visitar
Fados sofridos com as rimas da saudade
Secretos mantos a esconder tanto penar

Assim se morre e assim se vive sem querer
Nesta rotina que não tem ponto final
O tempo corre sem nos dar a perceber
A triste sina de quem nasce desigual

Os temperos do amor

Depois dum beijo mordaz
Outros beijos surgirão
Para matar mil desejos
Os beijos são talismãs
Adornando uma paixão
Que foi gerada p’los beijos

Depois dum beijo com lume
Tudo tem nova magia
Tudo tem outro sabor
Do beijo vem o perfume
Que dá outra fantasia
Aos temperos do amor

Depois dum beijo, outro beijo
E assim se vão bebendo
Os sumos da tempestade
Bocas matando o desejo
E o desejo fervendo
No fogo da felicidade

Mesmo que não te demores

Mesmo que não te demores
Por favor, volta depressa
Mesmo que por mim não chores
Não me tires da cabeça

Por favor, volta depressa
Ao ninho do nosso amor
Pode ser que me apeteça
Oferecer-te uma flor

Mesmo que por mim não chores
Deixa-me sonhar-te aqui
E de vergonha, não cores
Quando eu chorar por ti

Não me tires da cabeça
Mesmo que tenhas razão
Eu não quero que amanheça
No teu nobre coração

Guitarra amada

Quem a vê, não acredita
No mal que a vida lhe fez
Aquela obra bonita
Marcada pela desdita
Tem um cunho português

No fulgor da mocidade
Tudo lhe corria bem
Mas com naturalidade
Um dia, veio a saudade
E deu-lhe a marca que tem

Foi perdendo lentamente
O fulgor da sua voz
Agora, pausadamente
Já não trina docemente
O fado de todos nós

Quem a vê assim calada
Não lhe confere valor
Ai minha guitarra amada
Tua voz está gravada
No livro dum grande amor

As palavras do poeta

Poeta que tens o mundo
Mesmo na palma da mão
E que lhe dás rotação
Com sentimento profundo

Sabes melhor que ninguém
A cor dum poema triste
Até sabes porque existe
A contradição do bem

Também conheces o rumo
Das palavras sem sentido
Quando o teu ego ferido
É fogo que não tem fumo

Poeta que me vais dando
A noção da hora certa
Só a tua voz desperta
Paixões com que vou sonhando

As cores do amor

O verde da natureza
Não tem a cor da paixão
Sendo de intensa beleza
Falta-lhe o sol da pureza
Que tens no teu coração

O azul do mar que vejo
Tem a cor do meu agrado
Nele encontro de sobejo
As ninfas do meu desejo
Sempre que estou a teu lado

O castanho aveludado
Do teu olhar natural
É poema abençoado
Feito na alma dum fado
Singelo e intemporal

És poema multicor
Colorindo qualquer sonho
Arco-íris do amor
Cobrindo com esplendor
Os poemas que componho

Saudosa Maria

Já quase não há Marias
E os Manéis já são escassos:
E já poucos são os dias
Em que de casa fugias
Para cair nos meus braços

Vinhas sempre sorridente
Com beijos de timidez
E muito naturalmente
Eras a parte envolvente
Dum amor que a vida fez

Foste a Maria formosa
Por quem suspirei bastante
Mas em hora desditosa
Uma paixão caprichosa
Levou-te para distante

Assim fiquei prisioneiro
Duma saudade bravia
Vivendo no cativeiro
Desse meu amor primeiro
Minha saudosa Maria

Abrir mão

Abro mão de quase tudo
Que por amor construí
Mas não abro mão de ti
Meu sonho secreto e mudo

Abro mão da luz da lua
Que tanto luar me deu
Fazendo com que o teu céu
Fosse o céu da minha rua

Abro mão da melodia
Com que vesti o meu canto
Abro mão até, do espanto
Com que leio poesia

A vida que não escolhi
Nada deu de mão beijada
E não abro mão de ti
Porque sem ti não sou nada

Cidade jovem

Enquanto eu envelheço na cidade
Onde nasci, cresci e me fiz homem
A cidade mantém a mesma idade
Parece até que as dores não a consomem

Cada vez mais esbelta, mais airosa
Mais senhora de si, mais companheira
Esta cidade-mulher, poema-prosa
Mantém a sua alma de tripeira

Enquanto eu envelheço lentamente
A cidade que eu amo é sempre nova
Cidade que será eternamente
O mote mais sublime duma trova

Trova que cantarei enquanto possa
Trova que quero ver engrandecida
Esta cidade é tão minha, quanto vossa
Esta cidade é sol dentro da vida

Tudo o que dizes

Dizes ter o que não tens
Dizes ser o que não és
Dizes vir donde não vens
Dizes ver o que não vês

Dizes saber... mas não sabes
Dizes valer... vales pouco
Dizer caber... mas não cabes
Dizes não ser... mas és louco

Dizes que vais... mas não vais
Dizes partir... mas recuas
Dizes-te firme... mas cais
Dizes vielas... são ruas

Dizes branco quando é sol
Dizes preto não ser cor
Dizes lesma... é caracol
Dizes paixão... é amor

Dizes corpo, dizes voz
Dizes verso, dizes prosa
Dizes que o mar não tem foz
Dizes espinho sem rosa

Dizes aldeia... é cidade
Dizes jardim... mas é prado
Dizes sonho em liberdade
Dizes grito, dizes brado

Dizes noite, quando é dia
Dizes tarde quando é noite
Dizes medo... é cobardia
Dizes abrigo... é acoite

Vem

Vem ao jardim
Porém não tragas perfume
Porque a rosa tem ciúme
Do cheiro forte que tens
Vem ao jardim
Aparece de surpresa
Porque a dona natureza
Fica feliz quando vens

Vem docemente
Ver folhas entristecidas
Moribundas e perdidas
Já tombadas pelo chão
Vem docemente
Colher a dália mimosa
Que tal como a doce rosa
Também perfuma a paixão

Vem amanhã
Já que ontem não vieste
E nem sequer respondeste
Ao meu apelo maior
Vem amanhã
Traz a paixão e o desejo
E sente a força dum beijo
Trocado em nome do amor

Sonho pequeno

Nenhum dos sonhos que tenho
Me faz sentir quem não sou
Cada sonho é do tamanho
Da alma que me algemou

Por saber que a luz do sonho
Nem sempre faz boa lei
Todos os dias transponho
Barreiras que não criei

Sonho que seja pequeno
Ou seja grande demais
É sempre sonho pleno
Pois não há sonhos iguais

A sonhar lá vou vivendo
A viver lá vou sonhando
Sem saber como nem quando
Os sonhos lá vão nascendo

Sonho pequeno
É o sonho em que a saudade
Nos confere a liberdade
De visitar a memória
Sonho pequeno
É o sonho em que acordado
Passeio de braço dado
Com as relíquias da história

Poema de maio

Meu tempo de viver sempre amarrado
Ao som do som que tem a voz maior
Irrompe na minh’alma quando o fado
Ocupa o espaço certo do amor

Meu tempo de viver alegremente
Atravessa comigo qualquer mar
Imponente… sem querer ser imponente
Ousado… sem sequer querer ousar

Metida nesta pele a que pertenço
Apenas tenho em mim, para viver
Invernos onde o céu parece imenso
Outonos onde a lua é mais mulher

Irrompe na minh’alma quando o fado
Ocupa o espaço certo do amor
Irrompe na minh’alma
Quanto fado

Lei do fado, do amor e da vida

Perguntei ao fado amigo
Porque lhe chamam antigo
Mais antigo que a saudade
O fado disse: sou jovem
E os sonhos que então me movem
São todos da minha idade

Antigo é não ter noção
De que a voz do coração 
É um hino intemporal
Lei do fado é lei cumprida
Lei do amor é lei da vida 
Lei do tempo é transversal

Antigo nunca serei
Pois sempre caminharei 
À frente do meu destino
Quem quer estar a meu lado
Tem de se manter ligado
Ao sonho mais genuíno

Maldita dor

Oh maldita dor 
Que marcas presença
Trazendo a amargura 
Violentamente
Causadora-mor 
Da dor mais intensa
Que deixas escura 
A alma da gente

Sabemos que tens a vil crueldade
Usada a destempo de forma mordaz
E sempre que vens roubar felicidade
Trazes o tormento que tanto mal faz

Oh maldita dor, vai-te lá embora
E deixa comigo a minha verdade
Eu quero supor que a alma só chora
Porque tem consigo a luz da saudade

Maria Valejo

Esta MARIA que tem
Lugar na doce memória
Dum país de sangue novo
Merece, mais que ninguém
Lugar cativo na história
Do fado, canção do povo

Maria que sempre deu
Tudo o que tinha p'ra dar
Com talento que criou
Abriu as portas do céu
A quem soube decifrar
Os sucessos que cantou

Maria que perfumou
A alma de todos nós
Com perfumes de Alentejo
Foi magia que embalou
O fado, com doce voz
Grande MARIA VALEJO

Esta grande senhora (uma das minhas divas)
deveria chamar-se *MAGIA VALEJO*

Um pedido à saudade

Saudade, escuta este fado 
Que sempre canto a pensar
Na chama que tens acesa
Por ti cometo o pecado
De pôr a alma a chorar
Ao compasso da tristeza

Não sou em nada dif'rente
De quem sente bem o peso
Que tens na alma do tempo
Sou fruto dum acidente
Do qual escapei ileso
Mas ferido cá por dentro

Um acidente de amor
Que marcou a minha vida
E matou a felicidade
Por isso, faz-me um favor
Deixa-me d'alma ferida
E vai-te embora saudade

Musa acorrentada

Nos poemas que cultivo
Entendo o que a alma sente
E sinto o sonho mais vivo
Que a alma da minha gente

Sinto a musa acorrentada
Ao regaço da saudade
Por sentir o quanto arde
A chama descontrolada

Sinto a luz do paraíso
Dar cor às noites de breu
Enquanto estrelas, no céu
Relembram o teu sorriso

Dum amor mais do que tudo
Resta pouco, ou quase nada
Meu amor, meu grito mudo
Meu rio de água gelada

Olhos de ver melhor

Quando com olhos de ver
Vejo para além de mim
Sinto que chegou ao fim
O sonho de querer ser

Porque nem sempre, querer
É poder... e sendo assim
Vejo para além de mim
O que ninguém pode ver

Um dia, tudo vai ser
Como sempre imaginei
O mundo inteiro vai ter
A mesma força de lei

Até lá, sei que terei
Um tempo de longa espera
Fazendo da Primavera
O Verão que desejei

Quando com olhos reais
Vejo a essência da vida
Sinto quanto a despedida
Nos dá saídas normais

Sã leviandade

Sabendo a dimensão da voz que tenho
Limito a minha voz ao meu espaço
Sem temer as montanhas do fracasso
Sem suster tempestades que desenho

De quando em vez, perdido na cidade
Onde os poetas são gente vulgar
Liberto a minha sã leviandade
E vou de peito aberto, então, pecar

Peco sempre, quando olho sem limite
A figura da mulher que por mim passa
Também peco, quando em vez duma chalaça
Mosto o sorriso atrevido do convite

Peco até, quando mantenho a pretensão
De querer uma rua só p’ra mim
Sou igual ao sol ardente dum Verão
Que gostando de flores, queima o jardim

Minha saudosa primavera

Em cada verso que te dou e te consagro
Há sempre um sonho que não tem ponto final
Na minha alma de poeta, ainda trago
Recordações duma paixão intemporal

Dentro do peito, trago versos magoados
Simbolizando primaveras por vingar
E trago sonhos que foram despedaçados
Pela certeza, que daqui não vão passar

Eu quero ver nascer
O sol que faz viver
Sempre que aperto
A tua mão contra o meu peito
Estando sem ti, amor
Eu sou um fado em dor
Estando contigo
Sou um fado mais perfeito


No coração trago a imagem sonhadora
Da tua boca, soletrando o meu desejo
Trago no olhar uma vontade tentadora
De pôr estrelas na saudade do teu beijo

E nesta dor com que gerei este poema
Encontrarás um coração que te venera
Ai meu amor, minha paixão mais que suprema
Meu roseiral, minha saudosa primavera

Paixão ternurenta

Subindo contigo à lua
Numa nuvem ternurenta
O teu olhar insinua
Uma paixão violenta
Tão violenta, tão forte
Cheia de mel e feroz
Que chego a perder o norte
No rumo da tua foz

Saltando barreiras
Passando fronteiras 
Que a vida apresenta
Vamos colorindo
Este sonho lindo 
De paixão violenta
De abraço em abraço
Ganhei um espaço 
No teu coração
E de beijo em beijo
Aumenta o desejo 
De amor em paixão

O elo que nos uniu
Trouxe mais luz e mais cor
Decerto jamais se viu
Um amor com tanto amor
Somos dois parecendo um
Vivendo no mesmo fado
Amor igual a nenhum
Com o destino marcado

Coisas do amor

Nas coisas do coração
Com muita ou pouca paixão
Com mais fogo ou menos chama
Existe sempre um motivo
Pra que se mantenha vivo
O sonho que nos inflama

É no sonhar que consiste
A força de quem persiste
Na caminhada futura
E quase sempre é possível
Transformar um sonho incrível
Numa coisa bela, pura

Cada passo que o amor
Vai dando, leva a supor
Que o amanhã logo vem
Assim, de passo marcado
Cada um tem o seu fado
Nos fados que a vida tem

Cama fria do amor

Na cama fria aonde o fogo da paixão
Adormeceu com o silêncio do amor
Apenas eu mantenho a luz da ilusão
Porque não sei como lidar com esta dor

A noite cai e traz consigo a solidão
Que me algemou à grade fria da saudade
Quando adormeço tenho sempre a sensação
De que adormeço agarrado à felicidade

Mas na verdade, a felicidade é já passado
E o passado é a memória magoada
A cama fria do amor tem este fado
Que me conforta e me serve de almofada

Beija-mão

Na bravura, na coragem
Na doçura, na paixão
Na sedução da viagem
Nascemos e logo então;
Criamos a tal imagem
Que damos de beija-mão

Damos aquilo que temos
Mesmo pouco ou quase nada
E por vezes recebemos
Sorrisos d’alma rasgada;
O pouco que recebemos
Nunca é de mão beijada

Se mais não podemos dar
Se mais não podemos ter
Decerto temos o mar
Que nos faz estremecer;
Mar que nos faz naufragar
P’ra voltarmos a viver

O navio da saudade

O navio da saudade / conselheira
Navega no mar da alma / sonhadora
Nas marés da felicidade / mensageira
És tu a onda mais calma / sedutora

Tens contigo o doce bem
 / e o poder
De pacificar o vento
 / mais cruel
És sereia de ninguém
 / e por prazer
Controlas o sentimento
 / mais fiel

Tens na tua sedução
 / angelical
O perfume das marés
 / por navegar
Na raiz duma paixão / intemporal
Sou onda que já não vês... nesse teu mar

Já não tens sonhos reais... para sentir
Nem sequer tens nova cor / para agradar
Andas buscando corais / por descobrir
Nas profundezas do amor / por inventar

Sandra

Tudo em ti me fascina
Tudo em ti é paixão
És farol que ilumina
Os versos desta canção


Sei que vamos conseguir
A mais bonita união
Nascida do nosso beijo
Dia a dia vão surgir
Razões para o coração
Arder no nosso desejo

Sei que vamos decifrar
A cor da nossa verdade
No fogo da sedução
Diremos o verbo amar
Revestindo a felicidade
Através desta paixão

Letra de José Fernandes Castro 
Música de José Lopes (Zézito)
Gravado por Duo Cintilante

Outono do amor

O meu amor por ti, é folha triste
Pisada p’lo outono do amor
A minha primavera não existe
Nem sequer o verão tem mais calor

O meu amor por ti, é um inferno
Que queima da maneira feroz
Agora, sou a marca dum inverno
Que teima em regelar a minha voz

O meu amor por ti, é tempestade
Que não tem hora certa p’ra chegar
Às vezes, chega tarde, muito tarde
Trazendo a solidão e o penar

Agora não consigo controlar
A dor, que não me deixa sossegado
E neste amor que tenho p’ra te dar
Apenas resta a alma do meu fado

Graças a ti, sou poeta

Confessei segredos meus
Ao luar encandescente
Que faz de ti uma estrela
E com a benção dos céus
Fiz de ti um sol poente
Visto da minha janela

Depois, confessei ao vento
Os segredos escondidos
Duma aguarela sem cor
Pela voz do sentimento
Cantei versos proibidos
Em nome dum grande amor

Foi com a alma aberta
Que gerei nova ternura
Nas margens do pensamento
Graças a ti... sou poeta
Graças a ti... sou loucura
Meu amor em movimento

Quero

Não te posso dar o mundo
Não te posso dar o céu
Mas posso dar-te num beijo
O que ninguém mais te deu

Não te prometo roseiras
Nem cravos de rubra côr
Te prometo horas inteiras
Trocando amor com amor

Quero
Ser feliz contigo
Não temo o perigo
De enfrentar o mundo
Quero
Mil beijos te dar
P’ra simbolizar
O nosso amor profundo


Beijos perdidos nos lábios
Bocas pedindo mais beijos
Dou-te a riqueza dos sábios
Dou-te o sal dos meus desejos

Não te vou dar incertezas
Porque tu isso não queres
Não vou dar-te a minha vida
Mas dou-me a ti, se quiseres

Letra de José Fernandes Castro 
Música de José Lopes (Zézito)
Gravado por Duo Cintilante

Primavera do amor

A primavera do amor
Para mim, foi em Outubro
Conheci uma flor
Que pôs minha alma ao rubro

Senti a voz do desejo
Falar da sua paixão
Senti o calor do beijo
Queimar o meu coração

Oh Sandra, oh Sandra
Oh Sandra, minha flor
Oh Sandra, oh Sandra
Tu és o meu grande amor

Quero sentir o prazer
De tê-la sempre a meu lado
Com ela irei conhecer
O paraíso encantado

Não quero que ela esqueça
Que dentro de mim está
Quero apenas que mereça
O sol do meu amanhã

Letra de José Fernandes Castro 
Música de José Lopes (Zézito)
Gravado por Duo Cintilante

Tenho

Eu já não sei se ainda me amas
Eu já não sei se ainda te quero
Eu só sei que tu me chamas
O teu amor sincero


Tenho...
Mil segredos p’ra te dar
Na força do teu olhar
Tenho o sol da primavera
Tenho...
Mil marés de tempestade
E no fogo da verdade
Tenho sonhos de quimera

Tenho...
Mil desejos de te ver
E o gosto do teu prazer
Faz de mim o teu amante
Tenho...
Um coração a sofrer
Com medo de te perder
Sente o fim a cada instante

Letra de José Fernandes Castro
Música de José Lopes (Zézito)
Gravado por Duo Cintilante

Grito avassalador

Vou fazer desta paixão / quase voraz
Um sopro de liberdade / abençoada
Para que a luz da saudade / enfeitiçada
Seja um enorme clarão / cheio de paz

Vou fazer deste poema / sonhador
A alma dum fado novo / genial
Porque sei que vale a pena / meu amor
Rebuscar o teu passado / intemporal

Vou fazer desta canção / madrugadora
Um grito avassalador / e desmedido
Para que a tua emoção / confrangedora
Sinta compassos d’amor / correspondido

Quando a neve desta vida / acidentada
Nos trouxer a outra cor / e a outra idade
A minh’alma agradecida / e já cansada
Buscará o teu amor / numa saudade

Dança do amor total

Quando a noite vai alta
A lua não descansa
Sentindo que lhe falta
O prazer de uma dança;
Dois corpos bem cingidos
Em doces rituais
Dão como permitidos
Os pecados normais

A noite lá caminha
Em direção segura
E logo se adivinha
Um clarão de ternura
Ternura que se troca;
Ao compasso do beijo
Formando uma só boca
Em nome do desejo

Nesta dança tempestiva
Tão sedutora, tão nossa
Nada há que se não diga
Nada há que se não possa

A rua e o velho Zé

A rua foi o lar abençoado em dor
Aonde o velho Zé guardou a esperança
Nada tinha p'ra dar além daquele amor
Que mantinha de pé os sonhos de criança

Assim, o velho Zé, irmão da pouca sorte
Gozou sem liberdade o sol da meninice
Sempre agarrado à fé que o tornou mais forte
Gastou a mocidade ao ganhar a velhice

Histórias como esta, há muitas p'ra contar
Na vida que se tem, acidentada e pobre
Só as almas em festa irão comemorar
O amor, o maior bem de quem sabe ser nobre

Amor sem preço

Quero esquecer
Nosso amor d'outrora
P'ra ninguém saber
O que sinto agora

Quero esquecer
Que meu amor existe
P'ra ninguém saber
Porque sou tão triste

Quero ocultar
A minha tristeza
P'ra ninguém notar
A minha incerteza

Enquanto vou sonhando
Com o teu regresso
Vou-te dedicando
Um amor sem preço

Letra de José Fernandes Castro
Música de José Lopes (Zézito)
Gravado por Duo Cintilante

Paixão de mel

Apesar de tudo 
Nosso amor foi louco
Foi amor a medo
Mas amor sincero
Um amor assim 
Sabe sempre a pouco
No próximo encontro
Ainda mais te quero

Quero que me queiras 
Com mais desespero
Quero que me dês 
O amor que mereço
Beberei o sumo 
Do amor que venero
Gritarei ao mundo 
Este amor sem preço

Pedirei ao sol 
Calor de magia
Roubarei ás flores 
A cor e o condão
Rogarei à vida 
Mais um louco dia
P’ra beber contigo 
O mel da paixão

Letra e música de José Fernandes Castro
Gravado por Duo Cintilante

Madrugada sem tempo certo

A madrugada é uma flor que quer abrir
Para dormir nos braços firmes do amor
A madrugada nunca tem pressa em partir
Se a luz do fado for a sua melhor cor

A madrugada quando vem à hora certa
Sabe que tem todos os fados que quiser
Encontra sempre um verso novo que desperta
Todos os sonhos que esta vida pode ter

Sem tempo certo para amar ou ter saudade
Nunca rejeita uma promessa colorida
A madrugada é um balão de felicidade
Voando livre sobre o céu da nossa vida

Carta para o “talvez” além

Querida e saudosa mãe
Querido e saudoso pai
A vida rola, porém
Vai mal, podem crer que vai

Faz tempo que recebemos
Uma infernal pandemia
E por ela padecemos
Hora a hora, dia a dia

Covid, é como se chama
Esse inimigo feroz
Que covardemente inflama
A vida de todos nós

A vida que não vos deu
Benesses nem regalias
Decerto deu-vos o céu
E todas as mordomias

Quero crer que existe além
Porque vocês existiram
E com amor construíram
Um mundo de amor e bem

Quero crer que qualquer dia
Seja lá aonde for
Vamos sentir a magia
Dum grande e eterno amor

O fascínio

Na hora do meu sol em declínio
É minha a tua lua em ascendente
E reparto contigo o meu fascínio
Num abraço feliz, tão envolvente

Decifro aquela voz celestial
Que o tempo musicou para nós dois
E sinto no teu fogo triunfal
A ternura que virá pouco depois

Dá-me a tua doçura
Que eu dou-te a minha ternura
Dá-me a força do beijo
Que eu dou-te o sabor do desejo


Descubro mil segredos de magia
Na paz do teu sorriso encantador
E assim vamos vivendo dia a dia
O encanto fascinante do amor

Letra de José Fernandes Castro 
Música de José Lopes (Zézito)
Gravado por Duo Cintilante

Percurso

Tanto andei, tanto aprendi
Tanto lutei e por fim
Não vivo perto de ti
Mas sei que vives em mim

Vives em mim de tal jeito
E de forma tão constante
Que fazes com que meu peito
Seja cama aconchegante

Aconchegante e perfeita
Para quem sabe o valor
Do corpo que se deleita
Sempre que o sonho tem cor

Por tudo o que me tens dado
Dou-te tudo o quanto sou
Na minha alma és o fado
Ao qual inteiro me dou

O fado tem nome

Quando a saudade nos dói
É porque o amor se foi
Sem anunciar partida
Deixando por cá ficar
A saudade a soluçar
Histórias da nossa vida

Quando a saudade nos dói
É porque a mágoa destrói
O que a vida construiu
Castelos desmoronados
Tristes e abandonados
Desde que o amor partiu

Porém nem tudo é lamento
Pois a alma tem lá dentro
Versos que nos fazem bem
Quando a saudade aparece
Qualquer fado que acontece
É sempre um nome d'alguém

O desencanto

Não iremos jamais 
À cidade encantada
Onde juntos vivemos 
Uma linda paixão
Não iremos jamais 
Ouvir a madrugada
Despertar louco amor 
Em nosso coração

Não iremos jamais 
Ver a noite do sonho
Que marcou nosso tempo 
Com horas de verdade
Não iremos jamais 
Ler versos componho
P’ra te falar de vida 
E de felicidade

O amor acabou
E marcou a minha alma
Com a cor do pranto
O amor acabou
E deixou ficar em mim
O desencanto


Não iremos jamais 
Sentir o pensamento
Soletrar nosso nome 
No fascínio do beijo
Não iremos jamais 
Reviver o momento
Em que saboreamos 
O sabor do desejo

Letra de José Fernandes Castro
Música de J.Hervé Villard (Capri c'est fini)