Mudam-se
tempos, mudam-se vontades
Mudam-se
vozes, mudam-se critérios
Só
não se mudam certas realidades
Para
se manterem preconceitos sérios
Mudam-se
nomes, mudam-se projectos
Mudam-se
ventos, mudam-se razões
Só
não se mudam sonhos indiscretos
Para
se manterem certas ilusões
Mudam-se
vozes, mudam-se poemas
Mudam-se
portas, mudam-se portais
Só
não se mudam ambições supremas
Para
se manterem os mesmos sinais
Mudam-se
cores, mudam-se aguarelas
Mudam-se
rumos, mudam-se pecados
Só
não se mudam as rimas singelas
Que
dão perfume à alma dos fados
Mesmo
em tempos de mudança
Continuo a ser criança