Poemas metrificados ( na sua maioria ) para Fado.

A saudade

A saudade, musa inspiradora dos trovadores românticos
representa para nós portugueses um sentimento forte
mas estranho...

Forte, porque quase sempre nos magoa!... estranho, porque
nem sempre o entendêmos!

É uma mistura de prazer e dôr que faz com que os poetas sejam mais
poetas; faz com que os fadistas sejam mais fadistas; enfim!... faz
com que a nossa história sentimental tenha um sabor tão acre
e doce que nos define aos olhos do mundo, e nos dá 
a honrosa e curiosa alcunha de “Pinga Amores”.

Mas será que a saudade é portuguesa?
Ou será a saudade, uma dádiva recebida pela bondade da
mãe natureza, prevendo o fatalismo e a obscuridade (?)
da nossa existência triste?

Talvez a saudade seja a fonte aonde bebemos o néctar
purificador e moderador dos nossos anseios!

Todas as hipóteses são de considerar, no entanto uma coisa é certa:
a saudade é o badalo que faz bater o relógio do coração
nas horas em que nos sentimos melancólicos, solitários
e com falta de afectividade.

Penso que, a saudade pode apresentar-se das mais diversas
e variadas formas:

A saudade dum amor quase perdido
A saudade duma voz quase candura
A saudade dum poema já esquecido
A saudade duma fonte de água pura

A saudade dum luar amanhecido
A saudade da paixão e da loucura
A saudade dum tempo acontecido
A saudade dum passado d'aventura

Quando a saudade não fizer sentido
O mundo não terá sol, nem ternura