Tantos sonhos, tanto amor, tanta ansiedade
Tantos versos, tanta flor, tanta ternura
São medonhos os caprichos da vaidade
São dispersos os caminhos da loucura;
Tantos sonhos, tantos ventos sem idade
Tanto ardor, tanto calor, tanta doçura
O meu tempo acomodou a minha dôr
Sem saber qual o destino anunciado
Na penumbra dum luar madrugador
Rebusquei todos os sonhos do passado;
Tenho agora, como anjo protector
Um poema que não cabe no teu fado
Quando a noite vem poisar no meu olhar
Com a mesma nostalgia que tivera
O meu pobre coração sente o pulsar
Dos sintomas duma nova primavera;
Mas se a noite se demora a regressar
Eu sou nuvem sem luar á tua espera